quinta-feira, 7 de maio de 2015

A Azeitona e o Azeite

Longe vão os tempos dos grandes ajuntamentos e das noites de baile no final da safra. Antigamente juntavam-se ranchos de meia centena de pessoas, que se desafiavam no campo através da música. “Agora ninguém canta, só rogam pragas”.

História do Azeite
É difícil apurar a data de aparecimento das oliveiras. No entanto, há indícios de que estas árvores existiriam na época do Paleolítico Superior e presume-se que tenham aparecido na região da Ásia Menor. Por volta de 3.000 a.c., a oliveira era cultivada por todo o “Crescente Fértil”. A sua dispersão pela Europa ter-se-á ficado a dever aos Gregos. Os Gregos e os Romanos, verdadeiros apreciadores e produtores de azeite, eram pródigos a descobrir-lhe aplicações. Para além da sua utilização na cozinha, aplicavam o azeite como medicamento, unguento ou bálsamo, perfume, combustível para iluminação e impermeabilizante de tecidos. Mais tarde, a cultura do olival foi-se espalhando pela bacia do Mediterrâneo e, através das expedições marítimas dos Portugueses, acabou por chegar às Américas. Acabou por se espalhar um pouco por todo o mundo, onde as condições climatéricas lhe fossem favoráveis.

A Oliveira e a Azeitona

Esta árvore de porte médio, raramente atinge os 6 metros de altura, gosta de sol e de clima seco (dificilmente resiste a temperaturas inferiores a 12ºC). Sendo muito resistente, ganhou a reputação de ser imortal. No entanto, precisa de cuidados: protecção de pragas, podas de 2 em 2 anos para permitir a entrada de sol nas copas, fertilização da terra e regas nos meses de Abril/Maio e Setembro/Outubro. A apanha da azeitona realiza-se no Natal, entre Novembro e Janeiro.

O seu crescimento é lento. Nas condições mais favoráveis dá frutos ao fim de 5 anos após a sua plantação e só atinge o seu pleno desenvolvimento aos 20 anos. Dos 35 aos 150 anos atravessa a sua maturidade e encontra-se em plena produção. Depois dos 150 anos envelhece e o seu rendimento torna-se irregular.

A palavra azeite vem do árabe Az + zait e quer dizer sumo de azeitona. O azeite é o sumo decantado e purificado da azeitona. A sua qualidade depende da combinação de factores ambientais (clima e solo), genéticos (variedade da azeitona) e agronómicos (técnicas de cultivo) e continua com todas as operações até ao seu envasilhamento.

A colheita do azeite era feita à mão. Estendiam-se mantas no chão, os homens subiam às árvores e soltavam as azeitonas que as mulheres apanhavam para cestos. Outro método era o uso de varas que acabava por danificar a oliveira e os seus frutos. Recentemente apareceu um gancho que ajudava a puxar as azeitonas mas a revolução deu-se com o aparecimento de máquinas que fazem vibrar as árvores libertando-as das azeitonas.

A selecção das azeitonas, a separação de ramos e impurezas são tarefas importantes. É necessário transportar as azeitonas em caixas rígidas para o lagar. Os moinhos de pedra de outrora passaram a moinhos metálicos ajudados por prensas hidráulicas, centrifugadoras e máquinas que separam o azeite por percolação ou filtração selectiva.

Para se produzir um litro de azeite são precisos 6 quilos de azeitonas. As azeitonas chegam ao lagar onde são limpas e lavadas. É recolhida uma amostra para o laboratório e faz-se a pesagem. O ideal é que a moenda seja feita nas 24 horas seguintes à chegada ao lagar. As azeitonas são moídas e transformadas numa massa, passando depois à fase da termobatedura - batimento lento e contínuo da massa, seguido de aquecimento que ajuda as gotículas de azeite a unirem-se em gotas de maiores dimensões. O azeite é extraído: separa-se a fase sólida (o bagaço) da fase líquida (azeite e águas ruças). Esta operação pode ser feita por prensagem (método tradicional) ou por centrifugação (método moderno). Depois o azeite deve ser filtrado, analisado e classificado por tipos antes de ser embalado. Todo o processo de armazenamento, transporte, engarrafamento e rotulagem é rigorosamente controlado.
O grau de acidez do azeite refere-se a um parâmetro químico que mede a proporção de ácidos gordos livres (ácido oleico).

O Azeite na Cultura Portuguesa

A oliveira, como árvore resistente à seca e de fácil adaptação aos terrenos pedregosos, é uma árvore padrão da agricultura portuguesa. No século XIII as exportações de azeite assumiam bastante importância.

As regiões da Estremadura e do Alentejo são as primeiras a serem referidas nos forais no que respeita à produção olivícula. No final da Idade Média, as zonas com maior produção são Coimbra e Évora. Foi em Évora, em 1392, que se lavrou a primeira regulamentação do ofício do lagareiro e só no século XVI Coimbra e Lisboa lhe seguiram o exemplo.

Durante os séculos XV e XVI, o cultivo do azeite generalizou-se por todo o país.

A preocupação com a qualidade do azeite era notória, exigindo-se competência profissional dos executantes. Era uma produto essencial à subsistência e economia dos povos que o produziam e consumiam.

Entre 1580 e 1650, a recessão económica afectou a produção de azeite e criaram-se obstáculos à sua exportação para que este não faltasse. O desequilíbrio entre a oferta e a procura agrava-se com o rápido crescimento da cidade de Lisboa dando origem aos primeiros especuladores do ramo. São publicadas as primeiras leis que lhe tentam fixar o preço.

Os problemas de produção e comercialização do azeite, não tendo desaparecido, atenuaram-se com o desenvolvimento da agricultura e com o aperfeiçoamento dos canais de distribuição.

A oliveira e o azeite continuam a ocupar uma posição privilegiada na cultura do povo português.

O azeite dá trabalho a cerca de 400.000 portugueses. O esforço traduz-se actualmente numa produção da ordem das 40.000 toneladas anuais. A cultura do olival ocupa mais de 340 mil hectares de norte a sul do país e só no Alentejo existe cerca de 155 mil hectares de terra dedicada à produção de azeitona. Trás-os-Montes, Beiras e Ribatejo também são regiões que possuem áreas menores de cultivo. Cada região tem as suas características próprias de solo e clima, variando também as espécies de oliveira plantada e os métodos de produção de azeite. Para preservar estas diferenças foram criadas normas que regulamentam a forma de produção do azeite nas áreas protegidas. Aparece o azeite DOP, azeite com Denominação de Origem Protegida, sendo 5 as regiões protegidas: Trás-os-Montes, Ribatejo, Norte Alentejano, Moura e Beira Interior. Para merecer esta designação o azeite tem de respeitar a variedade de azeitonas e o processo de fabrico típico da sua região.

Na Saúde e na Gastronomia

É importante seleccionar um azeite de qualidade. Quando é virgem e de baixa acidez, os seus benefícios para a saúde são imensos, sendo a melhor de todas as outras gorduras.

Rico em vitamina E e ácidos gordos monoinsaturados, o azeite favorece a mineralização óssea, combate o envelhecimento dos tecidos e órgãos em geral, contribui para o bom funcionamento da vesícula biliar e restante aparelho digestivo e ajuda a prevenir doenças cardiovasculares, alguns tipos de cancros e diabetes.

Resumindo, os efeitos benéficos do azeite sobre o organismo são:

- aparelho circulatório: ajuda a prevenir a arteriosclerose e os seus riscos

- aparelho digestivo: melhora o funcionamento do estômago e do pâncreas, o nível hepato-biliar e o nível intestinal

- pele: efeito protector e tónico da epiderme

- sistema endócrino: melhora as funções metabólicas

- sistema ósseo: estimula o crescimento e favorece a absorção do cálcio
O povo diz: “A melhor cozinheira é a azeiteira” e os livros de receitas tradicionais portuguesas comprovam-no. O azeite aparece em quase todas. Pode ser utilizado em cru - como tempero, em cozinhados - como ingrediente, bem quente - como meio de cozedura ou a frio - como agente conservador de enchidos e queijos. O azeite marca definitivamente a cozinha regional. A sua aplicação dá sabor, aroma e cor, melhora a textura, transmite o calor, integra os alimentos e personaliza e identifica um prato.A dieta mediterrânica é um dos padrões alimentares mais saudáveis do mundo, na qual abundam alimentos de origem vegetal (cereais, legumes e frutos), a carne é comida moderadamente, preferindo-se o peixe e ovos, o azeite é utilizado regularmente e o queijo e iogurtes são consumidos diariamente.

in:spacioshopping.pt

1 comentário:

  1. Sem contar que é uma delícia, e vai muito bem numa salada, no bacalhau aqui é imprescindível, e até com um simples pãozinho.
    Um viva ao azeite português especialmente o extra virgem !!!!!!!
    Parabéns amigo pela matéria !!!
    Bjssssssssss

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