sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Arte & Ofício

A banda Arte & Ofício surgiu em 1976 , no Porto, quando o baixista Sérgio Castro e o vocalista António Garcez, dois antigos elementos dos Psico, decidem formar um grupo de Rock. A este núcleo inicial juntam-se Álvaro Azevedo (ex-Pop Five Music Inc.), na bateria e os guitarristas Fernando Nascimento e Serginho. Este grupo de veteranos, todos com larga experiência na música pop portuguesa pretende fazer dos Arte & Ofício um grupo profissional .
O seu som caracteriza-se por uma mistura de Hard Rock com Jazz Rock, na linha de uns Gentle Giant, mas com estéticas originais. O seu primeiro trabalho é um single com "Festival" e "Let Yourself Be", a que se seguirá outro single com "The Little Story Of Little Jimmy" e "Quibble". Nestes dois trabalhos é notório o profissionalismo da banda e, sobretudo, descobre-se um verdadeiro performer em Garcez.
No ano do lançamento dos singles fazem a primeira parte dos alemães Can , no Pavilhão dos Desportos de Lisboa e conseguem ofuscar a famosa banda teutónica. A revista "Música & Som" titulará mesmo "Arte & Ofício - O êxito dos Can". Bastante solicitada para espectáculos, a banda dá um magnífico concerto na cidade da Guarda no dia 8 de Abril de 1978, no Baile de Finalistas, com a primeira parte a pertencer ao Spartaks, a jogar em casa. Nesse mesmo ano sai o máxi-single "Come Hear The Band" e "O Cacarejo da Galinha", onde a banda revela todas as suas potencialidades. O tema com o título em português é totalmente experimental e o tema-título é um vigoroso Rock, ao qual os portugueses não estavam habituados, vindo de bandas portuguesas.
Em 1979 é editado "Faces", o seu primeiro trabalho de longa duração, com duas faces bem distintas: uma face Rock e uma face Jazz Rock. Este disco conta com a participação de António Pinho Vargas, hoje reputado músico de Jazz, que fará parte do line up da banda durante algum tempo. O grupo inicia uma tournée nacional em Teatros , com o apoio de uma marca de "jeans" e que chega à Guarda no dia 7 de Julho de 1979. O velhinho Cine-Teatro da Guarda ,com lotação esgotada, aplaudiu o grupo de Sérgio Castro. Garcez confirma-se como um verdadeiro "animal de palco" e o som da banda está cada vez melhor.
Quando se pensava que a banda estava para durar sofre um rude golpe com as saídas de Serginho e Garcez (este último para formar os Roxigénio). Nada, porém, estava perdido. A banda recruta André Sarbib e grava "Marijuana", um grande sucesso nos seus espectáculos ao vivo, e que lhe permite fazer as primeiras partes de Joe Jackson em vários países do Sul da Europa.
O "boom" do Rock português, com várias bandas a cantar na língua de Camões, é que foi fatal para o grupo. O público não aderiu ao seu Rock cantado em inglês e o seu último LP "Danza" não se conseguiu impor, apesar da sua qualidade, se ouvido hoje. Pouco tempo depois do lançamento do disco , e perante as poucas solicitações para concertos, o grupo dá por terminada a sua carreira. Ao mesmo tempo que mantinha os Arte & Ofício, Sérgio Castro forma os Trabalhadores do Comércio, que lhe permite continuar na crista da onda durante o tempo que durou o fenómeno do Rock português. Foi, aliás, com esta banda brincalhona que António Garcez voltou a gravar e a cantar em português.


A colectânea "Biografia do Pop-Rock", publicada pela Movieplay em 1997, incluíu o tema “Festival” dos Arte & Ofício.

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