sexta-feira, 11 de março de 2011

Cascas e Butelo em Pinelo - Bragança

«Confraria Gastronómica das Cascas e do Butelo»
Centro Cultural e Recreativo da aldeia organizou um almoço este prato regional através da sua Confraria Gastronómica.
Mais de meia centena de pessoas participaram num almoço, anteontem, em Pinelo, no concelho de Vimioso. Por ocasião do Carnaval, a «Confraria Gastronómica das Cascas e do Butelo» convidou a população a desfrutar de boa música, tocada ao som de bombos e gaita-de-foles e de uma excelente refeição. O almoço, confeccionado pelos sócios e compadres da confraria, foi recheado de produtos da terra, tipicamente regionais, como o enchido de carne com ossos, acompanhado por feijão seco na própria vagem.
“A confraria foi a forma que encontrámos de conseguir reunir os nossos sócios, porque metade deles estão fora, em cidades como Bragança, Lisboa ou Porto”, afirmou o presidente da direcção do Centro Cultural e Recreativo de Pinelo (CCRP), João Amado. Aliás, foi nesta colectividade que se integrou a Confraria, que funciona como motivo de convívio que se repete há três Invernos, apesar da Confraria só ter sido fundada há quatro anos. “Foi a anterior direcção, no seu último ano de mandato, que fundou a confraria e inseriu o butelo e as cascas, pelo facto de achar por bem fazer essa união dos sócios”, informou o responsável máximo. E nada melhor do que um delicioso butelo para reconfortar o estômago em pleno Entrudo transmontano.
O CCRP foi fundado em 1984, mas esteve parado entre 1991 a 1998, altura em que Carmina Amado Pires e as restantes colaboradoras o reactivaram. “O objectivo que me moveu, inicialmente, foi restaurar a escola da aldeia que estava em péssimo estado e que é, agora, a sede do Centro”, conta a aposentada professora do ensino básico.
Carmina explica aquilo que a motivou: «trata-se de manter os usos e costumes da nossa terra e não deixar que eles caiam no esquecimento. Hoje em dia já se faz menos, mas, antigamente, toda a gente criava o seu porco e fazia o seu fumeiro».

O butelo era, precisamente, considerado o elemento mais importante por causa da tradição do roubar do pote no Carnaval. Enquanto ia uma pessoa de cada casa, normalmente, um homem, a limpar caminhos ou a arranjar qualquer coisa que tivesse sido destruído durante esse Inverno, num dia de trabalho comunitário, as mulheres ficavam em casa a preparar o almoço. “Quando os homens chegavam, a pensar que iam comer um grande repasto, muitas vezes tinham no pote as coisas mais estapafúrdias que pudesse haver, desde tamancos velhos a cebola ou batatas com casca.

É uma tradição que já se perde no tempo, mas que, hoje, com menos frequência, ainda se faz”, conta Carmina, que esteve oito anos na direcção do CCRP e que é, actualmente, “uma” dos 12 confrades. “Tem tudo a ver com o butelo porque falamos do Domingo Gordo. A partir de agora não se pode comer carne. Então, aproveitava-se o dia de Carnaval para acabar orelhas, pés e butelos para as pessoas, depois, não terem a tentação, durante a Quaresma, de comer o fumeiro”, concluiu Carmina, que também foi uma das cozinheiras de serviço.

Bruno Filena:

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