terça-feira, 26 de maio de 2015

Caracterização Histórico-Cultural da Terra Fria Transmontana

PONTOS FORTES
1. A diversidade do património edificado e a excepcional qualidade de muitos exemplares que constituem referência fundamental da história da pátria, testemunham a imemorial ocupação humana do território e a sábia convivência do homem com a natureza.
2. A TFT é um território com um riquíssimo património arqueológico traduzido pela abundância de sítios e achados arqueológicos. De entre o património regional são referenciados em grandes números, pela sua visibilidade na estrutura da paisagem, os povoados fortificados, os sítios romanos e medievais, bem como, pelo simbolismo que emanam os achados de arte rupestre ainda, genericamente, sem datação segura.
3. Grande abundância e diversidade de vestígios arqueológicos. Distribuem-se pela seguinte periodização crono-cultural:
- Arte rupestre de cronologia indeterminada, com 35 achados listados;
- paleolítico superior, são referenciadas 3 ocorrências de painéis de gravuras no concelho de Bragança;
- pré-história recente, listagem de 35 vestígios de índole variada, nomeadamente, gravuras, abrigos, monumentos funerários, necrópoles, habitat´s e povoados fortificados, distribuídos pelos quatro concelhos;
- proto-história, regista-se uma grande abundância de vestígios, identificando-se 122 achados, distribuídos pelo espaço territorial da TFT, com especial incidência nos concelhos de Vinhais e Bragança;
- época romana, para além das necrópoles, dos habitat, casas rurais, Villas e povoados romanos referenciados, salientam-se, quer os vestígios das vias romanas, quer as explorações mineiras de ouro, ferro e possivelmente estanho, bem como, da extracção de mármore e do granito;
- época alti-medieval e medieval, neste período cronológico registam-se 38 ocorrências.
Como património arqueológico classificado ou em vias de classificação regista-se 3 monumentos nacionais (Castro de Sacoias em Bragança, Castelo de Algoso em Vimioso e Castro da Aldeia Nova, em Miranda do Douro), e 7 Imóveis de Interesse Público ( Lorga de Dine em Vinhais, Ruínas da Capela da Senhora da Hera, Castelo de Rebordãos, Castro da Ciragata, Castro de Gimonde e Mamoa de Donai em Bragança, Abrigo Rupestre da Solhapa em Miranda do Douro). Em vias de Classificação regista-se o Forte da Modorra e o Monte de Santa Comba em Vinhais.
4. Abundância e diversidade de património arquitectónico que independente do seu carácter erudito ou popular se pode subdividir por áreas temáticas:
- Arquitectura Militar - dos sete castelos e as três atalaias que constam do património arquitectónico militar arrolado na TFT, sobressai o Castelo de Bragança classificado como monumento nacional. Todos os outros, à excepção da Atalaia de Vila Verde (Vinhais) ainda em vias de classificação, são classificados como Imóveis de Interesse Público;
- Arquitectura Religiosa - de registar o enorme acervo de património existente na Terra Fria, quer se trate de Igrejas ou Capelas, conventos, seminários, cruzeiros ou alminhas. São também de realçar os pormenores decorativos de alguns templos, expressos no trabalho dos altares, tectos, mobiliário, estuária e alfaias religiosas, estas últimas preventivamente pouco patenteadas;
- Arquitectura Civil - a arquitectura civil inclui os pelourinhos, as casas rurais e conjuntos edificados dos antigos núcleos urbanos, normalmente de arquitectura popular, as casas senhoriais, as fontes, tanques e bebedouros, as pontes, outras construções de características específicas locais como os pombais e adegas, construções que nalguns casos assumem um carácter comunitário (moinhos, forjas, fornos, lagares, pisões) e outras de carácter industrial onde se incluem os fornos de cal e de olarias e instalações e equipamentos de diversos complexos mineiros.
5. Território riquíssimo em património etnográfico e evocativo, património cultural assente na transmissão de vivências e tradições que nesta região se distinguem pela singularidade e especificidade local, traduzidas pela existência de uma língua própria, pelas lendas normalmente ligadas a locais específicos, pelas expressões etno-musicais donde ressaltam os grupos de gaiteiros e de pauliteiros, pelos jogos tradicionais, pela grande riqueza e diversidade do artesanato, pela singularidade dos eventos donde, entre muitas se destacam, a festa dos rapazes, a festa de Natal, a festa dos caretos e as festas de carnaval. A realização destes eventos de carácter económico e social, de que também são exemplos, a Feira da Castanha e a Feira do Fumeiro, representa um atractivo turístico de relevo, que promove a imagem da região e reforça na população o sentimento de auto-estima, que é a melhor garantia da salvaguarda da sua própria identidade cultural.
PONTOS FRACOS
1. À excepção de alguns poucos ex libris do património da região, nomeadamente os pauliteiros de Miranda do Douro, o Domus de Bragança, é pouca a visibilidade externa do riquíssimo património natural, ambiental, paisagístico e cultural da TFT.
2. O estado actual de degradação do património cultural, ameaçado por um efectivo desfasamento entre os interesses e preocupações da população e os seus valores referenciais, que sucumbem à importação de ideários que lhe são de todo estranhos.
3. Parcimónia de fontes documentais e bibliográficas sobre o património cultural local e a pouca referência que esta temática tem despertado nas iniciativas de investigação e editoriais.
OPORTUNIDADES
1. Promoção da visibilidade externa das características e singularidades do território por forma a estimular a curiosidade a e sua procura, baseada numa oferta organizada e de qualidade.
2. Existência de outras rotas temáticas que permitem uma interacção com o vastíssimo património cultural/natural favorecendo a diversificação e riqueza da oferta tornando-a mais atractiva.
3. O estabelecimento de parcerias transfronteiriças, e de um modo geral, o alargamento das redes de comunicação, podem determinar mais valias importantes para a interpretação, a valorização e a salvaguarda do património cultural, enquadrando-se neste princípio a troca de experiências, o acesso a financiamentos específicos e a promoção conjunta.
AMEAÇAS
1. A desertificação que assoma esta região poderá agudizar o estado de degradação que o património histórico-cultural da Terra Fria actualmente experimenta, sobretudo nas áreas mais ruralizadas, pelo afrouxamento da salvaguarda activa cometido a uma população cada vez mais envelhecida e emigrante.
2. Frequente falta de qualidade nas intervenções de recuperação dos edifícios mais significativos da história e cultura local e uma generalizada ausência de critérios nas intervenções realizadas no edificado das aglomerações de carácter menos erudito, particularmente nas aldeias rurais e que são, na realidade, o melhor testemunho e arquitectura popular tradicional.

in:rotaterrafria.com

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