sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Foz Tua - EDP fala em abrandamento dos trabalhos, movimentos de oposição negam


A EDP anunciou que a reprogramação do calendário de construção da barragem de Foz Tua adia em quase um ano a conclusão do empreendimento devido ao abrandamento dos trabalhos acordado entre o Governo português e a UNESCO. Por seu turno, as associações e movimentos que se opõem à construção da barragem sublinham que «as obras não abrandaram».
A UNESCO solicitou o abrandamento da obra até à apresentação do relatório da missão - que deverá estar pronto no final de 2012 - que, no início de Agosto, visitou a região para analisar os impactos do empreendimento hidroeléctrico no Douro Vinhateiro Património da Humanidade.
Um grupo de associações opositoras da barragem acusou o Governo e a EDP de «desrespeito» do acordo por alegadamente «as obras não terem abrandado», além de ter sido aprovado um incentivo à EDP pela electricidade.
Num esclarecimento por escrito, a concessionária da barragem refere que «em resposta à orientação da UNESCO, a EDP procedeu a uma reprogramação da construção de Foz Tua» e que «este novo plano remete o início de actividade do empreendimento para o terceiro trimestre de 2016», enquanto «a data inicial apontava para novembro de 2015».
A empresa esclarece ainda que «o abrandamento do ritmo de trabalhos, já em curso, implica o adiamento do início de construção do paredão da barragem» e que «a suspensão desta componente central do projecto traduz-se numa diminuição do número de empregos directos».
«Estão actualmente em obra 335 trabalhadores. Em Junho, antes da decisão daquela entidade, eram 506. De acordo com o cronograma inicial, o projecto empregaria nesta altura cerca de 800 trabalhadores», concretizou.
A EDP sublinha ainda «a inexistência de subsídios em Foz Tua», referindo que «aquele empreendimento, a ser concluído, receberá uma garantia de potência tal como as restantes novas centrais hidroeléctricas em construção».
Alega «tratar-se de um pagamento pelo serviço de disponibilidade de potência que as centrais prestam ao sistema eléctrico, sempre que haja necessidade de suprir falhas de abastecimento num curto espaço de tempo».
O Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT) já disse que o processo vai de encontro aos dados avançados agora pela EDP.
A recalendarização das obras foi apresentada pela ministra do Ambiente, Assunção Cristas, à missão da UNESCO.
Entretanto, Daniel Conde do Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT), acusa o Governo de se «estar nas tintas para a UNESCO» e acusa o Estado português e a EDP de incumprimento do acordo numa exposição feita àquele organismo.
A posição é subscrita por mais quatro associações opositoras da barragem: GEOTA-Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, LPN-Liga para a Proteção da Natureza, COAGRET- Coordenadora dos Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases e pelo MCLT.
«As obras não abrandaram. Até há indicação de que há mais máquinas», afiança Daniel Conde, que garante não ter dúvidas de que «ou a barragem pára ou o Douro vai ser desclassificado».
Aquele activista contesta o argumento de que a barragem «ocupará apenas 0,001% da zona classificado, porque para a UNESCO o que conta é o valor universal do património classificado».
Os opositores da barragem contestam ainda o novo regime de incentivos para garantias de potência aos centros electroprodutores aprovado por portaria do Governo de 20 de Agosto, que classifica de «uma extorsão às famílias portuguesas de 30 milhões de euros por ano, em benefício das grandes eléctricas».
Foz Tua é contemplada nesta portaria que «lista as novas centrais hidroeléctricas que serão abrangidas por este regime, incluindo todas as centrais aprovadas ao abrigo do Programa Nacional de Barragens, mais o Baixo Sabor e Ribeiradio», segundo os contestatários.
De recordar que o Douro foi distinguido como Património Mundial da Humanidade em 2001.

in:cafeportugal.net

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