quarta-feira, 4 de abril de 2018

...quase poemas... ou das revoluções

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Os gatos…eu sei que estão admirados…um olhar de espanto como quem não acredita na refinada maldade da natureza humana…pois como pode, a tal da Dª Chica, admirar-se com o berro que o gato deu?!
… quem será esta tal Dª Chica?!… que impávida e serena, amortalhada no seu robe de feltro…e na secura duma vida sem horizontes, nem futuro… só se admira do sofrimento alheio… e continua a sua vidinha… e não abraça a causa… a defesa… a revolta dos mais fracos…dos pedintes… dos que dormem nos beirais dos telhados…
… atirei o pau ao gato… e o gato não morreu!
A ideia era essa… a morte dos inocentes… talvez porque essa tal Dª Chica anafada…e depois de comer tudo…”pela noite calada”… talvez tivesse um plano maquiavélico: …que a cidade fosse invadida de ratos… que entrassem nas casas… nos casebres… nas quintas e nas herdades…e semeassem a destruição… a miséria e a fome… e deixassem somente um rasto de terror…para que ela… a tal Dª Chica, pudesse viver, faustosamente…anafadamente, num País onde só houvesse ricos e poderosos, vivendo ostensivamente ao lado duma imensidão incontável de desempregados e miseráveis que deambulam pelas ruas, sem rumo…sem esperança nem horizontes!
…o primeiro ataque maquiavélico do plano…foi levar a mensagem, subliminar, à escola… e as crianças…na candura duma inocência desrespeitada la vão trauteando: - Atirei o pau ao gato…mas o gato…não morreu…
…os meus gatos…que como eu fazem parte da natureza…num ecossistema harmónico e equilibrado… admiraram-se da crueldade…da insanidade humana!
…eu também me admiro!
… “Acordai acordai homens que dormis a embalar a dor dos silêncios vis… vinde no clamor das almas viris arrancar a flor que dorme na raíz” 
… acordai!
... e o cantor não se cala!

Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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