terça-feira, 22 de abril de 2014

À descoberta do Geoparque «Terras de Cavaleiros»

Em Macedo de Cavaleiros há um território que evoca cores e odores que se renovam a cada estação. No Geoparque «Terras de Cavaleiros» as tradições locais são acarinhadas e valoriza-se os produtos da região. Isto também em prol do turismo. Para tal, foi criada a marca «Terras de Cavaleiros», associada a um território que une a Terra Quente e a Terra Fria do nordeste transmontano.
No coração de Trás-os-Montes, num território que acolhe o rio Sabor, estende-se o Geoparque «Terras de Cavaleiros». Um território de natureza impoluta e onde se «valoriza a qualidade de vida das populações e dos que a visitam», refere Sílvia Marcos, Coordenadora Executiva do Geoparque.
No lugar contabilizam-se 42 geossítios dispersos pelo concelho de Macedo de Cavaleiros. Isto num território onde se cruza a Terra Fria com a Terra Quente do nordeste transmontano e onde habita, por exemplo, um terço das espécies de libélulas e borboletas conhecidas no país. Espécies que o visitante pode contemplar na estação de biodiversidade criada no trilho Ricardo Magalhães, situada na Albufeira do Azibo.
Para potenciar o território, foi criada a marca «Terras de Cavaleiros». «Terras» numa alusão medieval e à vastidão do território e «Cavaleiros», pela força da história associada ao acto heróico do cavaleiro Martim Gonçalves de Macedo que, em 1385, na Batalha de Aljubarrota, salvou da morte o Mestre de Avis, futuro D. João I, rei de Portugal.
Uma marca que serve, explica Sílvia Marcos, para potenciar o território e gerida pela associação com o mesmo nome (Geoparque Terras de Cavaleiros), sem fins lucrativos. 
Uma associação criada em Outubro de 2012 e que integra actualmente diversas entidades, instituições de ensino e solidariedade, assim como a Câmara de Macedo de Cavaleiros.
Do trabalho do Geoparque destacam-se algumas iniciativas que, dizem os responsáveis, pretendem «promover o território». 
Entre elas, uma Rota Geológica, onde é possível observar o maciço geológico do Sítio de Morais (freguesia de Morais), num percurso de 110 quilómetros. Uma rota em dez etapas estipuladas num guia que inclui abordagens ligadas à geologia, flora, fauna, paisagens, património e gastronomia.
O guia «contém ainda informação prática sobre os locais a visitar, como chegar, como deslocar-se, locais de alojamento, restauração, locais de artesanato e/ou produtos regionais», esclarece Sílvia Marcos.
O Sítio de Morais será visitado em Maio de 2014 por uma equipa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), no âmbito da candidatura do Geoparque Terras de Cavaleiros à Rede Mundial de Geoparques criada, em 2004, pela UNESCO.
O Maciço de Morais apresenta-se à UNESCO, explica a responsável Sílvia Marcos, como «sendo portador de vestígios de dois continentes e de um oceano desaparecidos e envolvidos na formação montanhosa há mais de 280 milhões de anos, muito antes da presença dos dinossauros. Uma história que inclui o choque entre dois continentes, empurrando a placa oceânica do fundo do mar que os separava».
A Rede Mundial de Geoparques criada, em 2004, pela UNESCO em parceria com a União Internacional de Ciências Geológicas visa distinguir áreas naturais com elevado valor geológico, nas quais esteja em prática uma estratégia de desenvolvimento sustentado baseado na geologia e em outros valores naturais ou humanos.
Natureza e saberes locais:
Ao todo, no Geoparque, existem 24 percursos pedestres, devidamente sinalizados ao longo de 180 quilómetros dispersos pelo concelho de Macedo de Cavaleiros. Trilhos que podem também ser percorridos em BTT. 
Aqui, o visitante pode ocupar-se com várias actividades, desde observação de aves, caça, pesca, parapente ou canoagem (no rio Sabor).
O património edificado e cultural também não é esquecido podendo o turista visitar os seis museus existentes no território: o Museu de Arte Sacra, o Museu Rural de Salselas, o Museu do Mel e da Apicultura, o Núcleo Museológico do Azeite, o Museu Religioso de Balsamão e a Casa do Careto.
Visitas guiadas, programas de «ciência viva» e educativos e recriação de momentos como a ceifa e malha em Morais ou o Entrudo (com os conhecidos Caretos de Podence) são outras actividades organizadas ao longo do ano pelo Geoparque.
O artesanato, saberes e sabores locais também não são esquecidos pelo Geoparque Terras de Cavaleiros. 
As mãos das gentes que habitam o território vão mantendo vivas algumas artes com séculos, como a cestaria de vime, rendas e bordados em linho, o fabrico de trajes tradicionais ou os foles para acender o lume, mas também as famosas máscaras e fatos dos Caretos.

Ana Clara; Fotos - Geoparque Terras de Cavaleiros
in:cafeportugal.pt

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