sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Escola de Vinhais em protesto por aquecimento "e fora com os cobertores"

Pais e alunos de Vinhais, no distrito de Bragança, fecharam hoje a escola secundária local contra o frio num estabelecimento onde se gasta seis mil euros de aquecimento por mês, mas nem com cobertores se atenuam os rigores do inverno.

"Queremos aquecedores e fora com os cobertores" foi uma das frases mais gritadas durante a manhã pelos estudantes que se concentraram junto com pais e encarregados de educação em frente à escola e não deixaram entrar ninguém, nem mesmo o diretor.

Um dos alunos, Alejandro Valente, de 18 anos, resumiu a razão do protesto contra as condições da secundária D. Afonso III com 30 anos e sem nunca ter obras: "em regulamento, nós só podíamos ter aulas com uma temperatura mínima de 14 graus, mas aqui na nossa escola estamos com quatro ou a sete graus dentro da sala de aula".

Garante este e outros estudantes que em dias, por exemplo como o de hoje, com sol de inverno "se calhar até era melhor estar na rua". A sensação térmica, pelo menos, é mais confortável do que em algumas salas, onde nunca dá o sol.

Os estudantes fecharam o portão a cadeado, que a GNR acabou por retirar, mas ainda assim a meio da manhã só se encontravam dentro da escola os funcionários que tinham chegado mais cedo.

O próprio diretor do agrupamento D. Afonso III, Ruy Correia, ficou na rua.

"Não estou na manifestação, mas à porta porque não me deixaram entrar", afirmou à Lusa, escusando a comentar a manifestação, mas reconhecendo que "os alunos têm alguma razão porque de facto está frio nas salas de aula".

Faz frio não por falta de aquecimento, mas pela degradação do edifício onde inclusive chove.

Nesta zona da Terra Fria Transmontana, junto à fronteira com a Galiza, as temperaturas são frequentemente negativas no inverno, com neve e gelo.

Durante, pelo menos, os três meses mais críticos, o diretor contou que a escola gasta mais em aquecimento do que o duodécimo, a verba mensal a que tem direito para todas as despesas.

"Gostava que se resolvesse o problema. Há oito anos para cá tenho vindo a alertar as autoridades, nestes caso os meus superiores hierárquicos da DREN e da DGESTE para esta situação", declarou referindo-se à Direção Regional de Educação do Norte e à Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares.

"Todos os anos eu faço referência a que não podemos passar outro inverno nestas condições e eu acho que a Dgeste está preocupada também com esta situação", acrescentou.

A representante dos pais, Sandrina Morais, espera que esta manifestação sirva para resolver a situação, nomeadamente um reforço da verba para aquecimento este ano e obras, pelo menos de isolamento térmico no edifício no próximo ano escolar.

"É uma situação que se arrasta há algum tempo, a escola cada vez está mais degradada, tem 30 anos e não sofreu ainda nenhumas obras e as crianças não têm condições para estar nas salas, porque têm graus negativos e o ginásio não tem condições para tomarem banho", indicou.

Esta mãe de um dos estudantes realçou ainda que "o rendimento escolar não pode se r o mesmo que ( o de) outras crianças que têm todas as condições e mais algumas".

Com a manifestação de hoje, Eurico Baía, presidente da Associação de Estudantes, quer "chegar ao primeiro Ministro".

"Que olhe para nós porque aqui bem perto, em Bragança, foram feitas duas escolas de alto luxo e com esse dinheiro lá gasto dava para recuperar as escolas todas do distrito de Bragança", afirmou.

O dirigente vincou que para combater o frio, estão nas aulas com "com gorros, mantas, luvas, com tudo que possa aquecer" e que hoje ilustraram durante a manifestação, cobrindo-se com mantas e outros agasalhos.

"É muito difícil, tanto nós como os professores temos dificuldade em que as aulas sejam produtivas porque com este frio é impossível", concluiu.

Porto Canal

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