domingo, 26 de julho de 2015

Na sala de estar lisboeta a despensa é transmontana

Alerta, adeptos das alheiras, botelos, sangueiras e derivados — abriu, perto do Chiado, uma pequena loja especializada em produtos de Trás-os-Montes. O nome diz quase tudo: Despensa Transmontana.
Tudo o que se pode comprar para levar
pode ser provado no local
Tudo começou de forma meio improvável. Luís Teixeira, empresário flaviense, lanchava à beira-rio com o também transmontano Manuel João Vieira — o músico, artista plástico e eterno candidato presidencial — quando este, talvez com saudades de uma boa sanduíche de pão de centeio com presunto de porco bísaro, decidiu lançar-lhe um desafio: “E abrires uma casa só de produtos de Trás-os-Montes em Lisboa?”

Não precisou de repetir a ideia. Luís desafiou Júlio Grilo, amigo de Chaves (e de longa data), há muitos anos radicado em Lisboa, e à dupla juntou-se a sócia lisboeta Manuela Ramos. Encontraram um espaço com as dimensões ideais numa das zonas mais movimentadas da cidade, a Calçada do Combro, perto da Bica e do Chiado, e a Despensa Transmontana não demorou a materializar-se. Que é como quem escreve, não demorou a encher-se de produtos da terra.

“O objetivo é, como diz o nome, trazer um bocadinho de Trás-os-Montes para Lisboa“, explicam Luís e Júlio. Tendo em conta a oferta, “um bocadinho” é capaz de ser uma classificação modesta. Alheiras, pastéis de Chaves, pão, presunto, salpicão, sangueira, focinheira, vinhos, queijos, azeites, feijão, milhos, compotas, licores ou carne barrosã, tudo aqui é tão transmontano como os dois amigos de infância. E melhor: nada do que vendem é demasiado vulgar ou comercial. “Privilegiamos tudo o que é genuíno e as pequenas indústrias que fazem o fumeiro à moda antiga“, garantem. Para tal, têm quem lhes traga estes produtos nem sempre fáceis de fazer chegar a Lisboa, deslocando-se eles próprios à sua região natal “sempre que necessário”.
A Despensa Transmontana tem duas vertentes distintas, cada uma com a sua ementa: a de mercearia, em que serve de abastecimento a despensas alheias que se queiram tão transmontanas como ela e a de petiscaria, em que os produtos disponíveis se preparam para consumo no local. E a gama neste capítulo é tão vasta que até inclui pastéis de nata da região. A diferença? Está na massa folhada. Mas o interessante mesmo é descobrir produtos bem mais raros por estas paragens. Casos da focinheira — a carne do focinho do porco — ou dos milhos, usados para as famosas papas típicas.

Luís Teixeira e Júlio Grilo,
dois amigos de infância oriundos de Chaves,
estão juntos nesta Despensa Transmontana.
(foto: © Tiago Pais / Observador)
Quem quiser reproduzir (ou tentar reproduzir) o cozido à portuguesa da região também pode pedir um cabaz à medida, com todos os produtos necessários para torná-lo digno de uma Justa Nobre, um José Cordeiro ou qualquer outro reputado chef oriundo dessas paragens. Ou então pode esperar por um dos eventos temáticos que planeiam começar a organizar em breve: o primeiro deverá ser dedicado ao botelo, o famoso chouriço de ossos transmontano.

Nome: Despensa Transmontana
Morada: Calçada do Combro, 145-147 (Bica), Lisboa
Telefone: 21 346 0928 / 91 490 9306 / 93 8833532
Horário: De terça a domingo, das 12h à 00h

in:Observador

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