sábado, 14 de janeiro de 2017

O cidadão e jornalista Fernando Subtil

NA EDIÇÃO 1000 do Jornal Nordeste

Ao atingir as mil edições vale a pena lembrar a figura notável de cidadão, jornalista e polemista, sempre empenhado na defesa da sua terra, que foi o Dr. Fernando Subtil, bragançano que tinha todas as qualidades para desempenhar funções políticas de relevo, mas também criador literário de muito alta qualidade e, fundamentalmente, um cidadão de corpo inteiro e de alma imensa, que dedicou toda a sua vida à actividade educativa e à vida cívica activa.

Um novo jornal ou um jornal novo

Não é gratuitamente nem impunemente que se lançam ombros a uma tarefa como esta de editar um novo jornal em terras onde ler e meditar é excepção rara.
Fazêmo-lo como desafio ao conformismo que só um jornal novo, diferente e pactuante com os interesses comuns da região, pode despoletar.
Não há progresso, desenvolvimento ou justiça social sem participação; nem participação sem comunicação biunívoca (= nos dois sentidos) de todos os intervenientes, que somos todos, no processo de democratização: entre governantes e governados, e vice versa.
(...)
Por isso este novo jornal que vos propomos será o jornal novo da nossa esperança, temperada da modéstia, bonomia e civismo q.b., mas sem nunca se enfeudar aos detentores do poder (político, económico ou social) de pessoas ou grupos.
Jornal do povo para o povo e pelo povo é, e sempre será enquanto for, este novo jornal novo do povo do Nordeste.
Não se duvide que assim será. Deixo como aval (ou garantia) todo o meu passado polémico e todo o meu futuro da melhor boa-vontade.

Conto com todos.
Saudações do Fernando Subtil

Texto de apresentação do jornal Nordeste, N.º 0, Agosto de 1993

Memória viva

Fernando Subtil era uma destas incontornáveis personalidades, que tentava encontrar um sentido nobre para a sua passagem pelo mundo. Por isso, desde a juventude, deixou marcas de intervenção, suscitou incómodos, abanou rotinas, criticou hesitações e denunciou malevolências.
Despojou-se de quase tudo, sempre em nome da sua terra, que sentiu poder ser a prometida. As honrarias do poder, que lhe foi oferecido algumas vezes, não o seduziram. (...) Concitou ao combate pelo interesses da região, criou jornais que encarava como instrumentos para o realizar, irrompeu nos mais diversos fóruns, sempre empenhado naquele objectivo fundamental.
A muito do que disse e propôs se fizeram ouvidos de mercador. No entanto, algumas das soluções que prespectivara para a cidade, vieram a ser assumidas, anos mais tarde, por vezes com laivos de usurpação de “paternidade”, o que nem sequer lhe provocou grandes desgostos. (...)
A cidade, no sentido mais amplo, mas também no sentido literal, esta terra que amou com ardor, por vezes com raiva, outras com a piedade que só é possível aos bem aventurados, deve-lhe esse trabalho contra as hidras do esquecimento, do desprezo acintoso, da rapina encapotada, da omissão mortífera.

Por Teófilo Vaz
Excertos da crónica “Da morte e da memória viva”, Voz do Nordeste, 18 Julho de 2000

in:jornalnordeste.com

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