quarta-feira, 27 de abril de 2016

Castelo e cidade de Bragança – Suave decadência

Incrédulo! Sim é assim que me apetece começar esta crónica… Tendo sido alertado por alguns habitantes da nossa vila, situada no interior do Castelo, local de nascimento da nossa bela cidade há séculos, verifico que o mesmo foi totalmente esquecido pelos autarcas da cidade, estando a ser vítima de negligência, em todos os aspectos…
Decidi ir verificar com os meus olhos e o que vi deixou-me no mínimo enojado com o rumo que está a tomar, com as decisões que são colocadas em prática… Vamos lá então por partes… Para começar, fui alertado que o portão da Porta da traição tinha sido reparado, depois de em 2014 por alturas da Feira Medieval o mesmo ter sido “arrombado”, pois tinha que ser aberto e devido às intempéries, a madeira já com alguns anos e bastante peso, obrigou a que o portão descaísse, tendo que ser mesmo arrombado. Certo que o mesmo foi reparado da melhor forma, sem que no entanto fosse deixado o ferrolho do lado exterior, o qual até posso compreender! Não posso compreender o ter demorado quase 2 anos a ser reposta a fechadura no local a que pertence…
Aplauda-se no entanto a reposição, bem como o reforço do fundo do portão com ferro para que a madeira possa aguentar por muitos e largos anos… Espera-se no entanto que o mesmo seja pintado e os buracos visíveis sejam, de alguma forma disfarçados… Depois fui alertado para a reparação das muralhas que decorria na muralha sul, entre a torre do Relógio e o Poço do Rei… Pensei, bem, ainda bem que se estão a tomar medidas! Tenho que ir verificar isto, pensei… Antes não tivesse ido! Aparentemente as reparações passam por colocar uma massa de cimento mal feito, que descasca com os dedos e tão claro que parece que a muralha foi coberta com chantili! E como vivemos numa zona desértica, aparentemente não há pedras, para dar acabamento ao topo das muralhas bem como ao passadiço que ladeia as mesmas… Ou bem que o pedreiro é aprendiz e está a tirar algum curso no Instituto de Emprego e Formação Profissional e ainda está a iniciar a aprendizagem de como fazer massa, ou bem que só podem estar a gozar com a cara dos habitantes da Vila e da Cidade! Trabalho simplesmente horrível, descabido, e de gozo com péssimo sentido de humor… 
Como se não bastasse, fui também alertado para outra situação grave, de perigo para a saúde pública! Os WC’s públicos. Fui alertado para o WC feminino que se encontra encerrado desde o dia 27 de Agosto de 2015, devido a que tinha sido quebrada uma tampa de uma caixa de águas residuais na entrada do WC. Aparentemente era mais barato comprar um simples aloquete, que comprar uma tampa! Compreende-se… comparando o valor de cerca de 2€ pelo aloquete e cerca de 40 pela tampa! É que é uma diferença astronómica! E que deixaria os cofres da cidade em saldo negativo! Claro que quem quiser aliviar-se é sempre melhor recorrer ao “poulo” tal como se fazia na idade média… mas adiante! Como o WC masculino se encontrava aberto decidi também visitar, esperando encontrar, senão tudo mais ou menos limpo, pelo menos sujo com a sujidade do dia a transcorrer, pois eram já cerca das 15 horas quando entrei… mas para meu espanto, a sujidade, tem meses!!!!!!!! Chão imundo, baldes com águas negras e cheios de lixo na casa das bombas, que apresenta uma limpeza idêntica à de um chiqueiro… As louçãs sanitárias, negras, pois não veem um pano, nem líquidos de limpeza e desinfeção há meses e o melhor estava reservado para o fim… uma sanita completamente entupida, com dejetos que estarão por lá à vista, quem sabe há quanto tempo! Enfim, qualquer semelhança com um local moderno de uma urbe é mera coincidência… Já para não falar na iluminação, que continua a teimar em manter-se fundida, numa cidade que se diz verde e com iluminação LED (onde passa a procissão!!!) A Calçada, apresenta buracos por todos os lados, bem como os passadiços das muralhas! Era preciso construir umas escadas que dessem acesso à muralha junto à torre de menagem, para que quem sobe à muralha junto à torre do Relógio, não tenha que fazer o mesmo caminho em sentido inverso, para sair dali! A cisterna da Dómus está um nojo! Lixo a boiar por todos os lados e segundo informações foi colocada no interior da Dómus uma banca de venda de souvenires pertença do Museu Abade Baçal!! Em 2007 foi celebrado um acordo para recuperação de fachadas das casas da vila, pois até existe uma placa no interior do castelo logo à entrada da Porta Poente, entrada principal do Castelo a dar indicação disso mesmo… Mas há casas que foram esventradas e nem fachadas ficaram e assim se mantém anos a fio, ficando os seus vizinhos a sofrer com infiltrações nas suas casas… Caixas de elctricidade, sem tampas, à espera que o pior aconteça! Basta que uma distração permita que uma criança se chegue e meta lá os dedos… Deixou de se colocar iluminação de Natal ou criar qualquer evento que não seja a feira Medieval ou utilizar a Dómus para promoção de Confrarias ou simplesmente actos mais solenes… 
As pessoas da Vila estão cansadas de serem esquecidas! Limpeza e atenção são precisas no Ex-Libris da Cidade, neste castelo que é considerado um dos mais belos do nosso país… Mas passeando pelas muralhas e ouvindo os turistas, sejam eles nacionais ou estrangeiros percebe-se que de facto estão e ficam muito incomodados com a situação a que o mesmo chegou e se encontra! Ex. Mos Sres, responsáveis pela manutenção do castelo, fica mais caro fazer mal do que fazer bem à primeira! Sei que não gostam que eu fale, mas de facto contra factos não pode haver argumentos e desculpem a redundância… e mais haveria ainda a referir, mas para já se tratarem destas situações pontuais, muito bom ficará o castelo, pois fizeram-me chegar uma carta, que tenho em meu poder e que me transmite isto mesmo, mostrando a indignação de alguns habitantes deste belo local, situado no interior das muralhas do nosso belo Castelo! Haja mais respeito pelas paredes erguidas pelos nossos antepassados.


Crónica do Corneteiro do BC3 Por Fernando Aragão

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