sexta-feira, 12 de abril de 2019

...quase poema...ou depois de Abril

Por: Fernando Calado
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Quase me morreste Abril às portas de Maio, quando as rosas já se anunciam em botão…e os cravos, esses, se dizem sempre num grito vermelho de liberdade!
Quase me morreste Abril à beira do desespero, dos olhos que ficam na ausência do trabalho. A fome sobra…e o pão tarda.
Quase me morreste Abril no mísero salário…nas contas erradas de tanto mês…”muito trabalho para tão pouco dinheiro”.
Quase me morreste Abril à porta da fábrica…nos campos de trigo…no comércio fechado. Nos olhos. Tristeza infinda. Tanta!
Quase me morreste Abril…eu pago. Sou pobre!…Ele recebe. É rico!
Quase me morreste … no funeral em salmodia gregoriana e vão-me dizendo piedosamente:
- Não há dinheiro!
- Tem paciência!
Quase me morreste!... 
Não vamos ao enterro
Vamos sair à rua…plantar cravos de Abril…força de Maio!


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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