sexta-feira, 22 de julho de 2016

Bragança com mais de quatro milhões de euros para Museu da Língua Portuguesa

O primeiro Museu da Língua Portuguesa a nível nacional vai ser criado em Bragança, ainda sem calendário de abertura, mas com um financiamento assegurado de fundos comunitários superior a quatro milhões de euros, informou hoje o autarca local.
O município acaba de ver aprovada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte uma candidatura para os conteúdos do novo museu de quase 775 mil euros, com uma comparticipação de cerca de 658 mil euros do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), na rubrica Património e Cultura.

A autarquia já tinha afetado 3,5 milhões dos euros dos 16 milhões do novo quadro comunitário de apoio que lhe couberam para o Plano Estratégico de Desenvolvimento urbano (PEDU) para a estrutura física deste projeto, anunciado há sete anos e inspirado no museu da língua portuguesa que existe em São Paulo, no Brasil.

A ideia foi lançada, em 2009, num dos colóquios da Lusofonia que, em várias edições, juntou anualmente em Bragança estudiosos e representantes dos países de língua oficial portuguesa.

Naquela ocasião foi anunciado como "um espaço virtual resultado da adaptação do conceito do museu da língua que existe em São Paulo, no Brasil, utilizando as novas tecnologias para viajar, através de ecrãs, ao longo da história" do português no mundo.

Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Bragança não quis adiantar ainda pormenores sobre o novo museu, afirmando que depois de garantido o financiamento, segue-se agora o procedimento de lançamento do projeto de execução física e de conteúdos.

O museu será instalado nos silos da EPAC, o antigo organismo estatal, entretanto extinto, responsável pelos celeiros dos produtores de cereal em Portugal.

Os silos localizados em plena cidade de Bragança já tinham sido adquiridos pelo Instituto Politécnico de Bragança (IPB) com a ideia inicial de os transformar em residência de estudantes.

O projeto não avançou e agora o politécnico faz parte da Associação Promotora do Museu da Língua Portuguesa, junto com a Câmara de Bragança e a Academia das Ciências de Lisboa.

O instituto de Ensino Superior cedeu o espaço que irá ser intervencionado e ocupado pelos conteúdos para "promover, preservar e valorizar a língua como elemento fundamental da cultura portuguesa e enriquecedor pela sua diversidade, desde as tradições locais, dialetos herdeiros do galego-português às diversas variedades da língua, nas suas vertentes histórica e sobretudo pedagógica".

Estes são os objetivos expressos na constituição da associação.

Todo o processo "está ainda muito no início", pelo que o presidente da Câmara, Hernâni Dias, não se compromete com datas para a execução e abertura do novo museu.

"É um projeto muito ambicioso e deverá demorar algum tempo", afirmou à Lusa.

O autarca não tem dúvidas de que se justiça a criação deste espaço em Bragança, por ser a capital do distrito com duas línguas oficiais: o português e o mirandês.

De Miranda do Douro já chegaram críticas do autarca local, Artur Nunes, por o berço da língua Mirandesa não ter sido tido nem achado neste processo.

O congénere de Bragança respondeu que o projeto "será inclusivo" e que pode vir a agregar mais instituições e parceiros.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, garantiu o patrocínio da Presidência ao projeto, numa visita recente a Bragança.

O Chefe de Estado defendeu que o Museu da Língua Portuguesa "não poderia encontrar melhor localização no país".

HFI // JGJ
Lusa/fim

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