segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Em Freixedelo comemora-se o Santo Estevão com sardinha para afastar a trovoada

Dia 26 na aldeia de Freixedelo, concelho de Bragança, festeja-se o Santo Estevão com uma tradição secular: comer sardinha cozida em molho de escabeche. A receita é antiga e a origem não se conhece mas a tradição mantém-se.
Para ser servida dia 26 de Dezembro aos habitantes da aldeia, a preparação tem de começar pelo menos três dias antes.

“A água é temperada com sal, louro e malagueta. Fica a ferve e depois coze-se a sardinha 10 minutos e depois espalha-se em cima de palha, à maneira antiga, e fica a enxugar uma meia hora. Depois faz-se o azeite, até ferver, deixa-se arrefecer e assentar o molho durante meia hora e aí é que se tapa a sardinha que foi colocada em recipientes e fica em marinada durante três dias para ser servida no dia 26 ”, explica José Brás, mordomo desta festa.

Para esta edição da festa foram preparadas cerca de 700 sardinhas. E todos os anos o ritual é repetido. O dia começa com um peditório do ramo do santo Estevão pela aldeia, segue-se uma missa e depois a população come a sardinha num almoço comunitário.

“A sardinha, que é muito saborosa no final dos três dias que está em calda, é servida depois da missa, com pão, tremoços, castanha cozida e vinho”,

Um menu fora do comum nesta época de natal, preparado apenas por homens, para afastar as intempéries na aldeia de Freixedelo. A tradição terá vários séculos, mas foi interrompido na década de 40, por dois anos. A devastação das colheitas que houve nesta altura fez com que a festa fosse retomada para prevenir esses e outros azares:

“É um ritual que ninguém se lembra de como começou e provavelmente terá uns 300 anos de existência e foi feita em louvor do Santo Estevão, porque é o “advogado” das trovoadas. Durante segunda guerra mundial, por dois anos as pessoas desistiram de fazer a festa e a trovoada devastou a aldeia de culturas”, conta. A população associou o infortúnio à interrupção da festa, que foi retomada. “A partir daí começou-se novamente com a tradição da sardinha e nunca mais se deixou de fazer a festa”, refere José Brás. 

Escrito por Brigantia
Olga Telo Cordeiro

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