segunda-feira, 19 de junho de 2017

Entulho exposto por descida do nível da água da Barragem do Tua causa indignação

Da freguesia de Sobreira, concelho de Murça, chega o descontentamento da população com a falta de limpeza de entulho decorrente da construção da Barragem de Foz Tua.
Pedro Duarte expôs nas redes sociais algumas fotografias das margens da barragem, onde se vêem os restos do poço de captação da rede pública, que foi destruído, expostos pela descida do caudal nos últimos dias. O entulho ficou no local, o que é, na opinião deste morador, um crime público.

Na nossa aldeia tínhamos a captação de água antiga, antes das obras, que ficou inundada, e um ‘casebre’, que era onde estavam as instalações elétricas para a bomba para nos abastecer a água.

Ao ficar inundado, seria normal que tudo fosse retirado. Todas estas margens deviam estar limpas, o que não se verificou. O que está aqui é uma pouca-vergonha. A meu ver, é um atentado, é um crime ambiental e público. Porque o que está ali é muito perigoso e eu tenho-me debatido com esta questão. Esta população é pequenina, mas tinha naquele espaço para usufruir e passar o verão. Era onde as crianças e os idosos passavam as suas tardes. Hoje não temos nada. Não temos sombra. Só temos lama e água inunda.
O morador considera que esta situação representa um perigo para quem por ali vive.

Tiraram as bombas que estavam lá para puxar a água, e, do resto, ficou lá tudo. Demoliram o casebre, mas ficou tudo lá.

Tanto que há lá postes pertencentes à EDP com os fios elétricos, desligados, mas pelo chão.

É inadmissível para uma empresa como essas, para as autarquias e para o dito Parque Natural.

É um choque visual, é um crime ambiental e um perigo gravíssimo. Porque temos cimentos, blocos, ferros. O poço foi meio destruído e está completamente aberto. Se alguém, até, como acontece em algumas praias que vão de barco e se atiram à água, podem bater num ferro e podem-se causar coisas muito sérias.
Pedro Duarte afirma ainda que o poder local não tem defendido os interesses dos moradores do Vale do Tua. Sobre este problema, conta que sexta-feira a câmara municipal de Murça começou a proceder à limpeza do local, ainda que sem grande efeito.

Gostava que dessem, ao menos, as condições que nós tínhamos. Em vez de estarem com a população, nunca estiveram. Tanto que nós levamos uma carta à autarquia com assinaturas para nos darem isso. Só que, pelos visto, pouco se importaram. Está à vista de toda a gente, até pelas fotografias.E o que ainda lá está!

Hoje (sexta-feira) vieram cá com um camião da câmara e com uma retroescavadora. Andaram por lá, mas a maior parte das coisas ficou, porque a água estava novamente a subir.
A Onda Livre contactou a Câmara Municipal de Murça, que via correio eletrónico prontamente explicou que “a EDP Produção procedeu à descida dos níveis de água para realização de testes. A câmara de Murça foi confrontada com a situação e, como quinta-feira foi feriado, logo na sexta-feira uma equipa dos serviços municipais se deslocou ao local para limpar o que fosse possível”. A autarquia que esclarece que “entretanto a Albufeira já tinha começado a encher, foi apenas possível retirar o poste e cabos elétricos e desmantelar uma estrutura de cimento.” Adianta o mesmo comunicado enviado por José Maria Costa, o presidente daquele município, que “foi combinado com a EDP Produção que dentro de breves semanas esta empresa procederá à remoção de todo o material e selagem de um poço”.

Esta estrutura que se trata de um  “poço de captação de água para a rede pública e rede elétrica de alimentação das bombas, a qual teve que funcionar até ao limite temporal por atraso da instalação do sistema de substituição e que devido à rápida subida das águas não foi possível desmantelar na totalidade, bem como remover”.

Tentámos também pedir esclarecimentos à EDP e à Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua, mas até ao momento não obtivemos resposta.

Fotos: Pedro Duarte
Escrito por ONDA LIVRE

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