segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Dizeres e Ditos na Carta Gastronómica de Bragança

Maria Augusta Machado
Sr.ª Dona Maria Augusta Machado71 anos, vive em Parada. Vivia-se mal.
Tinha-se uma muda de roupa para ir à Escola.
Sempre a mesma, lavada à noite, seca ao lume, remendada à luz da candeia. A outra usava-se para ir às castanhas e com o gado.
Tinham duas juntas de cria e cordeiros. Os criados que tratavam do gado levavam merenda; um pão centeio inteiro e carne gorda.
No Verão dormiam numa cabana de palha, no Inverno vinham a casa. Mais tarde já tinham ovelhas leiteiras, passaram a beber leite e a fazer queijo. Cordeiros e vitelas vendiam-se para fazer dinheiro preciso para pagar os adubos, a mercearia, o que vestir e outras coisas, dizia a Mãe. Só no dia de S. Roque comiam vitela e tinha de dar para todos os convidados. Na Páscoa comiam perus, patos e porcos. No tempo das castanhas comiam-se de manhã, ao meio-dia e à noite, as castanhas entravam em todos os comeres.
Trocava-se uma cesta de batatas por uma cesta de laranjas. Comiam todos do mesmo prato. O irmão dizia: Ò Mãe faça umas batatinhas guisadas sem nada!

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

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