quinta-feira, 15 de março de 2018

Dizeres e Ditos na carta Gastronómica de Bragança

Sr.ª Dona Maria Dionor Fernandes Pinto, 71 anos, vive em Bragança.
Eram onze irmãos, andavam ao faz favor de toda a gente. No Inverno aumentavam as dificuldades. Iam à sopa dos pobres, a sopa que serviam era de grão-de-bico, arroz e massa. Também davam pão.
Ao mando da Mãe ia comprar pão a fiado.
Pelo caminho escochava a teta do pão. A Mãe fazia sopa de castanhas. Comiam o que a horta dava e toucinho. No caminho para a Escola havia uma macieira, ela encheu a sacola de maçãs, o guardador da vinha viu e disse ao Pai. Ela, quando chegou da Escola, como sempre fazia, pediu a bênção ao Pai. Este disse: Deus te abençoe e te faça melhor; bateu-lhe. Já casada pelo civil pôs a mão no ombro do marido, e o pai bateu-lhe. No casamento comeu arroz de forno com cordeiro assado. Não se esquece.
Também se comia raposa, ficava de adobo quatro ou cinco dias. Lontra é coisa melhor que há, porque só come peixe.
No Entrudo comiam casulas e pé de porco. Guardavam os rojões numa panela de barro metidos em pingo. No Natal comiam polvo e bacalhau.
O pão de sêmea era muito bom, mais brando. Moletes? Nem os conhecia! Maçãs que via nas árvores dos outros chamava-lhes suas. Mas ter de lavar tanta roupa!
Até perdia o gosto pelas maçãs!

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

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