quinta-feira, 19 de abril de 2018

Lenda de Castro Vicente: O tributo das donzelas foi desfeito

Devido à recusa dos moradores de Castro Vicente em pagar o tributo de uma donzela aos mouros, esta curiosa lenda tenta explicar a origem do topónimo “Alfândega da Fé”.
Segundo o livro de Belarmino Afonso, Raízes da Nossa Terra, pelo século VIII da Era cristã, quando os Mouros dominavam ainda a Península Ibérica, conta a lenda que havia um mouro que se encontrava na fortaleza do monte Carrascal, onde é hoje o Santuário de Balsamão da freguesia de Chacim, concelho de Macedo de Cavaleiros.

Este mouro criou “O Tributo das Donzelas”, que consistia em obrigar todas as donzelas, no dia do casamento, a irem passar a noite de núpcias no leito dele.

Aconteceu que uma formosa donzela de Castro foi pretendida pelo filho do chefe dos «Cavaleiros das Esporas Doiradas» de Alfândega da Fé.

A jovem honesta e digna recusava-se ao casamento, para não se sujeitar ao tributo das donzelas que o mouro do monte Carrascal exigia. O noivo garantiu-lhe que o déspota não a obrigaria a prestar esse tributo, porque no dia do casamento mobilizaria os «Cavaleiros das Esporas Doiradas», para fazerem frente ao cruel e tirano mouro.

Numa manhã radiosa, os noivos e muito povo dirigiram-se para a capela do Santo Cristo da Fraga, onde se realizariam os esponsais. Quando o cortejo regressava a casa dos pais da noiva, um possante e feroz mouro, cumprindo as ordens do Emir do monte Carrascal, raptou a noiva e colocou-a no cavalo, sendo acompanhado por uma grande e terrível escolta de soldados mouros. Ainda não tinham chegado os «Cavaleiros das Esporas Doiradas» de Alfândega. Quando chegaram, dirigiram-se para o monte Carrascal, seguindo à frente o noivo desorientado. No sopé do monte Carrascal, travou-se um terrível combate, entre mouros deste monte e os cristãos de Castro, de Alfândega e de mais povoações circunvizinhas.

No ardor do combate, apareceu no céu, a imagem branca de Nossa Senhora, qual Divina Enfermeira, com um vaso de bálsamo na mão, a curar os cristãos feridos que, de novo, voltavam para o combate.

O noivo conseguiu penetrar na alcova do cruel e tirânico mouro, o Emir, a quem decepou a cabeça. Ao seu encontro vem a sua querida esposa já desfalecida, mas ilesa do nefando tributo.

Deste acontecimento resultou o nome de Castro Vicente (em documentos antigos aparece com a designação de VENCENTE), pela vitória alcançada; Alfândega, nome de origem árabe (Alfandag…) recebeu o nome de Alfândega da Fé. A “chacinados mouros” deu o nome a Chacim.

Diz a tradição que a Capela-Mor do actual Santuário de Balsamão fora uma antiga mesquita de mouros; assim como o Santuário do Santo Cristo da Fraga de Castro Vicente sobranceiro ao rio Sabor, fora também uma Mesquita de mouros que tinha sido conquistada pelos Cristãos, na época histórica da reconquista, e onde se tinha realizado o casamento da donzela de que nos fala a Lenda de Castro Vicente.

Segundo a tradição popular, a capela do Santo Cristo foi em tempos uma mesquita e convertida num templo cristão aquando o período histórico da reconquista cristã.

Castro Vicente história de mudanças
Castro Vicente é uma das mais importantes freguesias do Concelho de Mogadouro. Foi vila e sede de concelho. O seu povoamento é muito remoto. A Capela do Senhor da Fraga, por seu lado, que foi inicialmente a Igreja Matriz de Castro Vicente, está edificada sobre vestígios de muralhas.

Castro Vicente foi doado por D. Fernando, no século XIV, a alguns elementos da nobreza da Galiza que o apoiaram nas lutas contra Castela.

Recebeu foral de D. Dinis a 3 de Dezembro de 1305 e foral novo, de D. Manuel, a 1 de Junho de 1510. O concelho acabaria por ser extinto depois da reorganização administrativa do país em 1836. Passou então para o concelho de Chacim, em 1853 para o de Alfândega da Fé e dois anos depois para o de Mogadouro. Eram seus donatários os Marqueses de Távora, cujo património lhes foi subtraído em 1759.

Do ponto de vista patrimonial, destaca-se a Igreja Matriz, o pelourinho como símbolo da anterior autonomia administrativa, podendo ver-se numa das faces o escudo com as armas de Portugal e as Capelas de Santa Luzia, de S. Gonçalo, de Nossa Senhora de Fátima e do Santo Cristo.

Revista Raízes

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