quarta-feira, 18 de abril de 2018

Manual de Botânica. Vol I: estrutura e reprodução - Autor: Carlos Aguiar

ACESSO LIVRE AQUI.
Este documento não é um livro-texto de referência e muito menos um tratado. Resume-se a uma revisão bibliográfica mais ou menos atualizada – não existem livros científicos atualizados – em torno de alguns temas chave de botânica, complementada pela minha experiência de trinta anos de ensino e investigação em agronomia e botânica.
Tem por destinatários estudantes do ensino superior, em particular todos os interessados em ecologia, ciências do ambiente, ciências agrárias e outras formações de biologia aplicada, que necessitam de apreender, num curto período de tempo, elementos fundamentais sobre a forma, a biologia reprodutiva, a evolução e a organização sistemática das plantas. Cada volume corresponde, grosso modo, aos conteúdos de uma disciplina semestral de 6 ECTS. Objeto
A organografia vegetal, morfologia vegetal (plantmorphology) ou fitomorfologia, a componente maior do Vol. I, tem por objeto a forma plantas e a sua alteração ao longo do ciclo de vida (modificações ontogénicas) ou durante o processo evolutivo (modificações filogenéticas).
A descrição de tipos celulares e tecidos, e da estrutura[1] interna dos órgãos vegetais que acompanha a descrição da morfologia das plantas concentra-se no essencial. No meu entender, os destinatários deste livro não precisam e aprofundar muito mais os seus conhecimentos de histologia e anatomia vegetais. A arquitetura de plantas, discutida na II Parte do Vol. I, é uma área especializada da morfologia vegetal raramente abordada em publicações congéneres. O Vol. I estende-se ainda por temas de reprodução vegetal e de fenologia, e pelo estudo dos ciclos de vida da plantas-terrestres, com especial ênfase na reprodução das plantas-com-semente dada a sua importância em ecologia e ciências agrárias, e para compreender a biologia evolutiva das plantas.
O Vol. II principia com uma introdução à biologia da evolução. A teoria da evolução, como refiro por mais de uma vez no texto, é a teoria fundamental que organiza toda a biologia. Julgo preocupante que profissionais, que usam a ecologia e a biologia no seu dia a dia, demonstrem um completo e persistente desconhecimento dos mecanismos básicos da evolução da vida e da especiação.
Aprendem-se, ao pormenor, a estrutura da célula e os mecanismos moleculares da hereditariedade sem interiorizar as bases do pensamento populacional e adaptativo (sensu Mayr). A agricultura como atividade humana não pode ser adequadamente compreendida sem as ferramentas conceptuais de biologia da evolução. Como escrevia o evolucionista norte-americano de origem ucraniana Theodosius Dobzhansky em 1973: “Nada em biologia faz sentido exceto à luz da evolução” (Futuyma 2005). O Vol. II contém ainda uma introdução à história evolutiva das plantas-terrestres. Pode parecer estranho que algo tão especializado e volátil seja desenvolvido num livro de botânica que se pretende aplicado. As plantas, ao longo da sua evolução, foram tanto agentes de mudança como sujeitos passivos das alterações climáticas, da composição química da atmosfera terrestre, ou dos ciclos biogeoquímicos.
Sem noções sobre evolução das plantas é impossível aprofundar estes três temas chave das ciências do ambientE (cf. Berling 2007). E o solo, tal como hoje o conhecemos, é uma criação das plantas-terrestres.
Vol. III é um livro de taxonomia. O tema é preparado com uma apresentação dos sistemas de classificação mais importantes e uma introdução à nomenclatura taxonómica.
A componente descritiva incide nos grandes grupos e nas famílias de plantas-com-semente, organizados de acordo com Christenhusz et al. (2011) e o APG IV (APG 2016). Desde a publicação do Genera Plantarum de Antoine de Jussieu, no final do séc. XVIII, que a família é a categoria taxonómica superior ao género mais utilizada na organização do mundo vegetal.
O estudo de todas estas matérias pode ter diferentes pendores. Por exemplo, pode ter uma abordagem descritiva-formal, uma perspetiva histórico-evolutiva ou insistir em aspectos funcionais. Busquei uma abordagem híbrida, tendo em mente conferir competências, como referi, a futuros profissionais de biologia aplicada.


Carlos Aguiar - Instituto Politécnico de Bragança

Sem comentários:

Enviar um comentário